NOVO OLHAR PARA O PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA DIANTE DA PANDEMIA COVID-19

Fisioterapia

NOVO OLHAR PARA O PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA DIANTE DA PANDEMIA COVID-19

BASE CIENTIFICA
Escrito por BASE CIENTIFICA em agosto 26, 2021

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NOVO OLHAR PARA O PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA DIANTE DA PANDEMIA COVID-19

COMO CITAR:

ALMEIDA, Jucélia Gonçalves Ferreira de. Novo olhar para o profissional de fisioterapia diante da pandemia COVID-19. Revista Base Científica – ISSN:2675-7478, v.2, n.1, p.58-63. Agosto de 2021. Disponível em: https://revistabase.com.br/2021/08/26/novo-olhar-para-o-profissional-de-fisioterapia-diante-da-pandemia-covid-19/

RESUMO

A pandemia do coronavírus (SARS-CoV-2), pneumonia causada por infecção, eclodiu em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan na China, e espalhou-se rapidamente por todo país e em seguida para todo o mundo. Conhecida popularmente como COVID-19, faz parte de um grupo de vírus que causam síndromes respiratórias que variam de sintomas leves a condições graves que necessitam de internamento hospitalar, com necessidade de ventilação mecânica, por afetar o sistema respiratório. Além de outros, como por exemplo, neurológicos, musculoesqueléticos e gastrointestinais. Este trabalho teve por objetivo evidenciar a importância da fisioterapia diante da pandemia do Coronavírus. Trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura, analítica e crítica a respeito da visão da fisioterapia, e as mudanças ocorridas durante o período da pandemia do COVID-19. O fisioterapeuta tem papel fundamental, onde preconiza manter as vias aéreas livre de secreções, volumes pulmonares adequados, gerenciamento da função dos músculos respiratórios, preservação da mobilidade global dos pacientes, além de monitorar, conduzir e promover a retirada da ventilação mecânica. Percebe-se que o olhar em relação a fisioterapia mudou, pois o profissional antes visto apenas como reabilitador, passou a ser visto como peça importante no combate ao COVID-19, e aos poucos foi alcançando seu espaço na área de saúde.

Palavras-Chave: Ventilação Mecânica, Reabilitação, SARS.

INTRODUÇÃO

            A pandemia do coronavírus (SARS-CoV-2), pneumonia causada por infecção, eclodiu em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan na China, e espalhou-se rapidamente por todo país e em seguida para todo o mundo (SILVA et al., 2020)

Conhecida popularmente como COVID-19, faz parte de um grupo de vírus que causam síndromes respiratórias que variam de sintomas leves a condições graves que necessitam de internamento hospitalar, com necessidade de ventilação mecânica, por afetar o sistema respiratório. Além de outros, como por exemplo, neurológicos, musculoesqueléticos e gastrointestinais (SILVA, 2020).

Diante dos diversos acometimentos causados pela COVD-19, faz necessária atuação multidisciplinar no cuidado dos pacientes; dentre elas a atuação da fisioterapia. Embora haja diversas áreas de atuação da fisioterapia, é comum associar apenas à reabilitação em traumato ortoperdia. Contudo, após a pandemia, esses profissionais ganharam maior visibilidade, especialmente na atuação na linha de frente das Unidades de Terapia Intensiva (UTI’S) (RIZZI et al.,2020).

Os profissionais de fisioterapia desempenham importante papel dentro das UTI’S, minimizando os sintomas do desconforto respiratório, com ajustes dos parâmetros dos ventiladores mecânicos; bem como a garantia da manutenção do sistema musculoesquelético, no enfrentamento pós-período hospitalar (RIZZI et al., 2020).

Este trabalho teve por objetivo evidenciar a importância da fisioterapia diante da pandemia do Coronavírus.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura, analítica e crítica a respeito da visão da fisioterapia, e as mudanças ocorridas durante a pandemia do COVID-19. O período de estudo e triagem dos manuscritos ocorreu entre maio e agosto de 2021,  com busca nas bases de dados Scielo, Pubmed, Lílacs e Bireme, publicados entre os anos de 2019 a 2021, bem como instruções normativas emitidas pela Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia intensiva (ASSOBRAFIR), a respeito das responsabilidades e manejo do paciente diagnosticado com COVID-19. Para a busca dos manuscritos utilizou descritores disponíveis no DeCS BVS: COVID, fisioterapia, UTI.

RESULTADO E DISCUSSÕES

Dentre os diversos sintomas dos indivíduos que positivam para COVID-19, o desconforto respiratório é mais grave, caracterizado por hipoxemia, queda da saturação periférica de oxigênio. Diante desse desconforto, há elevado número de pacientes que necessitam de suporte de oxigênio e seguem para internamento nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’S), com consequente necessidade de intubação. Algumas técnicas desenvolvidas pelos profissionais de fisioterapia, são importantes para prover o conforto dos pacientes.

A elegibilidade da técnica a ser utilizada nos pacientes dependerá do grau de comprometimento respiratório, nesses casos, a presença do fisioterapeuta é imprescindível, pois estes irão realizar os cálculos necessários para oferta dos níveis de oxigênio aos pacientes. Dentre as técnicas estão a oxigenioterapia e a ventilação mecânica, além disso a mobilização beira leito.

Oxigenioterpia

Consiste na oferta de oxigênio, considerada ventilação através de dispositivos tais como, cateter nasal e máscara nasal. Considerada uma técnica não invasiva, os dispositivos utilizados devem atender as necessidades e adaptação dos pacientes, a fim de garantir que o suporte O2 (oxigênio) seja eficaz, sem a dispersão de aerossóis e absorção suficientes para suprir a oxigenação dos tecidos (GUIMARÃES, 2020).

Ventilação Mecânica

Técnica invasiva, que consiste em oferecer suporte ventilatório. Para os ajustes dos parâmetros do ventilador mecânico é imprescindível que o fisioterapeuta avalie a condição dos pacientes. Os volumes pressóricos ofertados aos pacientes devem preconizar a proteção das estruturas (SILVA, 2020).

No caso dos pacientes diagnosticados com COVID, a estratégia de ventilação protetora é recomendada, preconizando por valores pressóricos que não causem a hiperdistensão alveolar. Nos casos da ventilação mecânica a responsabilidade da fisioterapia é manter o paciente com a ventilação dentro dos parâmetros aceitáveis e manutenção das estruturas respiratórias (MATOS, 2018).

Mobilização beira leito

Outra função da fisioterapia durante o processo de internação dos pacientes é garantir que a mobilidade não seja prejudicada durante o período restrição ao leito. Além da função respiratória, a função motora também é trabalhada com os pacientes nas UTI’S. A mobilização precoce dos pacientes irá garantir maior funcionalidade pós alta, pois a atividade mesmo que passiva, realizada apenas pelo fisioterapeuta irá prevenir contraturas articulares e redução de dor (SILVA, 2020).

 Cavalcante et al. (2021) ressalta em estudo que o dentre a equipe multiprofissional de atenção, o fisioterapeuta tem papel fundamental, onde preconiza manter as vias aéreas livre de secreções, volumes pulmonares adequados, gerenciamento da função dos músculos respiratórios, preservação da mobilidade global dos pacientes, além de monitorar, conduzir e promover a retirada da ventilação mecânica.

A ASSOBRAFIR (Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia intensiva), diante do cenário, emitiu normas técnicas a respeito do manejo dos pacientes COVID, reforçando a importância da presença do fisioterapeuta nas Unidades de Terapia Intensiva, reiterando as reponsabilidades desses profissionais, com adequação dos protocolos e técnicas de posicionamento que contribuíram para o sucesso do tratamento e cura dos pacientes (ASSOBRAFIR, 2020).

Musumeci et al. (2020) reforça que as reponsabilidades dos fisioterapeutas nas UTI’S vão mais além do que apenas regular parâmetros no ventilador, mas as decisões tomadas são feitas em conjuntos com outros profissionais, mediante parecer clínico emitido pelos médicos e exames de imagem. A partir de então são traçadas estratégias de manejo adequado ao paciente.

Silva et al. (2020) reforçam que vai mais além das fronteiras no ambiente hospitalar, descreve a necessidade da presença dos profissionais de fisioterapia na linha de contato inicial, no processo de diagnóstico. Segundo o autor essa prática reduziria em média 14% o número de pacientes que são intubados em caráter emergencial, em razão de diagnóstico tardio, ou mesmo no insucesso nas técnicas não invasivas.

Martinez (2020) descreve que a atuação da fisioterapia nas UTI’S vai além dos cuidados com a função respiratória, mas a preocupação em manter o paciente funcional após alta hospitalar. O olhar para esses profissionais de maneira um tanto contraditória mudou em decorrência de uma pandemia. Reforça sua análise mencionando que foi preciso um estado de necessidade extrema dos fisioterapeutas para que pudessem receber o reconhecimento merecido. A pandemia de alguma forma foi favorável aos fisioterapeutas, reitera.

Sales et al. (2020) evidenciam que a discussão vai além do cuidado dos pacientes, mas os riscos de contaminação. Isso porque não há outra forma de fazer senão mantendo contato direto. Hora em contato com secreções no momento da aspiração, responsabilidade da fisioterapia; hora no momento da mobilização dos pacientes, no manejo e nos exercícios para manutenção da mobilidade. Claro que não desmerece os riscos dos demais profissionais, contudo, são pontos a serem avaliados quando se fala em risco eminente.

Silva (2020) afirma que as responsabilidades da fisioterapia em pacientes diagnosticados com COVID, está não apenas dentro das UTI’S, mas também após alta. É imprescindível acompanhamento dos pacientes. A atuação pós UTI’S dos fisioterapeutas está em manter a funcionalidade, assim como a saúde cardiorrespiratória. Ressalta que a profissão assim como outras pouco reconhecidas, não deveria ganhar importância apenas pelo Estado de Necessidade, mas pela sua importância dentro processo do cuidado com o paciente.

Para Rizzi et al. (2020) mesmo após as altas hospitalares o fisioterapeuta continua sendo peça chave na reabilitação. Os protocolos e rigor no tato com os pacientes permanecem e o desafio a partir dessa fase é reinserir os indivíduos à vida cotidiana. O auxílio na retomada das suas funções e reinserção na sociedade.

Silva et al. (2020) afirma que o desafio da fisioterapia não termina quando o paciente recebe cura clínica, os cuidados e atenção permanecem, agora com a responsabilidade de tratar e até mesmo prevenir sequelas pós-covid. A tarefa é reestabelecer a funcionalidade, ou seja, devolver a independência perdida ao contrair a doença. Em alguns casos reensinar a andar, movimentar e até reaprender a respirar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora seja contraditório dizer que a fisioterapia ganhou espaço em um momento de tantas perdas, pode-se considerar um avanço para os profissionais. A visão de profissional apenas reabilitador dá espaço aos que salvam vidas e conseguem fazer a diferença no momento em tantas pessoas necessitam da presença do profissional de fisioterapia.

Percebe-se que o olhar em relação a fisioterapia mudou, pois os profissionais que eram vistos apenas como reabilitadores, passaram a ser vistos como peça importante no combate à COVID-19, e aos poucos foram alcançando seu espaço na área de saúde. Espera-se que as mudanças sejam constantes, que a profissão continue conquistando respeito e confiabilidade cada vez mais, sem a necessidade da eminência de uma pandemia.

REFERÊNCIAS

ASSOBRAFIR. Assobrafir reforça sua missão no enfrentamento da pandemia na COVID-19 – Editorial. ASSOBRAFIR Ciência. v.11 (supl1), Ago, p.11-13, 2020.

CAVALCANTE, RN; SOUZA, KCL; NONATO, DTT; CRAVEIRO, RMCB. Evidence on the role of the physiotherapist in the clinical and functional management of patients on mechanical ventilation for acute respiratory failure secondary to COVID. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.2, p. 8545- 8565 mar./apr. 2021.

GUIMARÃES, F. Atuação do fisioterapeuta em unidades de terapia intensiva no contexto da pandemia de COVID-19. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 33, e0033001, 2020.

MATOS, LAD; FARIAS, DH; CALLES, ACN. O uso da ventilação mecânica e terapia adjuvante em pacientes portadores da síndrome de angústia respiratória aguda (sara): uma revisão integrativa. Ciências Biológicas e de Saúde, Alagoas, v. 4, n. p. 111-122, maio. 2018.

MARTINEZ, BP; ANDRADE, FMD. Estratégias de mobilização e exercícios terapêuticos precoces para pacientes em ventilação mecânica por insuficiência respiratória aguda secundária à COVID-19. ASSOBRAFIR Ciência. v.11(Supl 1), p. 121-131, ago., 2020.

MUSUMECI, MM; MARTINEZ, BP; NOGUEIRA, IC ; ALCANFOR, T. Physiotherapy techniques used in the intensive care unit for the assessment and treatment of respiratory problems in patients with COVID-19. ASSOBRAFIR Ciência. v.11(Supl 1), p.73-86, ago., 2020.

RIZZI, SKarlla LA; CERQUEIRA, MTAS; GOMES, NO; BAIOCCHI, JMT; AGUIAR, SS; BERGMANN A. Technical Note from the Brazilian Association of Physiotherapy in Oncology on Physiotherapy Oncology Care because of COVID-19 Pandemic. Revista Brasileira de Cancerologia, v.66, n.1, p.1-3, 2020.

SALES, EMP; SANTOS, JKM; BARBOSA, TB; SANTOS, AP. FISIOTERAPIA, FUNCIONALIDADE E COVID-19: REVISÃO INTEGRATIVA. CADERNOS ESP.  v.12, n.1. p.68-73, JAN. JUN, 2020.

SILVA, RMV; SOUSA, AVC. Chronic phase of COVID-19: challenges for physical therapists in the face of musculoskeletal disorders. Fisioter Mov. v. 33, n. 01, p. 1-3, 2020.

SILVA, CMS; ANDRADE, AN; NEPOMUCENO, B; XAVIER, DS; LIMA, E; GONZALEZ, I; SANTOS, JC; ESQUIVEL, MS; NOVAIS, MCM; MAGALHÃES, P; ALMEIDA, RS; GOMES, VA; CARVALHO, VO; FILHO, WCL; FILHO, OFM; NETO, MG. Evidence-based Physiotherapy and Functionality in Adult and Pediatric patients with COVID-19. J Hum Growth Dev., v.30, n.1, p. 148-155, 2020.

Sobre a autora:

JUCÉLIA GONÇALVES FERREIRA DE ALMEIDA – Mestra em Ciencias da Saúde – Universidade do Vale do São Francisco – UNIVASF. Link para currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7433403122255113

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